Provérbios 20:1
O vinho é um zombador, a bebida forte é colérica, e quem quer que seja enganado desse modo não é sábio.
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De que forma o vinho escarnece? De que forma a bebida forte alvoroça? De que forma eles enganam os homens? Aqui temos uma figura de linguagem poderosa, criando um provérbio curto e excelente contra o excesso da bebida. Se você deseja ser sábio, então você deve ser bem cauteloso com substâncias que podem vergonhosamente lhe escarnecer ou liberar as suas paixões violentas. Se você arrogantemente pensa que consegue usar o álcool sem uma rígida disciplina ou limites, você é um insensato.
Este provérbio condena o uso moderado do vinho ou da bebida forte? Não! Absolutamente! O Senhor fez os dois para o seu prazer (Pv 31:6-7; Sl 104:14-15; Dt 14:26). A bebida recomendada na Bíblia é o vinho (Gn 14:18; IISm 6:19; Ec 10:19; Jo 2:1-11; ITm 5:23), mas não era para ser usada excessivamente ao ponto de se embriagar (Ef 5:18; Lc 21:34).
O provérbio tem duas metonímias. Metonímia é uma figura de linguagem onde uma coisa relatada foi substituída por outra. Ela acrescenta beleza e força à linguagem. A Bíblia está cheia de metonímias e outras figuras, de tal forma que a leitura superficial e as definições primárias são frequentemente absurdas, especialmente os provérbios (Pv 1:6). Entenda bem os seguintes exemplos comuns:
1. “Mete o pé na tábua” substitui o acelerador de um carro pela tábua. Nós não desejamos que ninguém enfie o pé numa tábua. O que queremos é que o motorista acelere o carro.
2. “Ele realmente usou a cabeça” substitui o local do pensamento pelo cérebro. Nós não estamos dizendo que ele bateu com a cabeça. O que estamos dizendo é que ele pensou bem para resolver um problema.
3. “O Planalto anunciou” substituiu o local onde ele reside pelo nosso Presidente. Nós não estamos dizendo que a residência do nosso líder realmente falou, pois é um objeto inanimado. Efetivamente, o que nós queríamos dizer é que o Presidente apresentou novas informações ao público.
Examine a primeira parte do provérbio, “o vinho é escarnecedor”. O vinho é o suco alcoólico fermentado da uva, e escarnecer alguém significa ridicularizar alguém ou fazer dele um tolo. O vinho permanecerá docilmente na garrafa ou numa taça. Ele, de si mesmo, não faz nada grosseiro. Ele pode permanecer numa adega durante muitos anos sem ridicularizar ou envergonhar a qualquer pessoa. Como é que o vinho se torna escarnecedor?
O vinho em si não é um escarnecedor. O vinho é uma metonímia de embriaguez. A figura de linguagem substitui a causa pelo efeito. A Bíblia diz que a língua é um mundo de iniqüidade (Tg 3:6). Como assim? A língua nada mais é do que um músculo em sua boca. Mas o uso errado da língua é pecaminoso! Novamente, como nesta categoria de metonímia, uma causa é colocada para exprimir o efeito.
O vinho lhe escarnecerá se você beber demais dele (Pv 23:29-35). Excesso de bebida pode embriagá-lo, o que significa perder as inibições morais, o autocontrole, ou até mesmo as básicas habilidades motoras, você fará uma piada de sua reputação. Considere o que ele fez com Noé (Gn 9:21), com Ló (Gn 19:31-36), com Nabal (ISm 25:36-38), e com Baasa (IRs 16:8-10), Examine a segunda parte do provérbio, “a bebida forte é alvoroçadora”. A bebida forte decorre da fermentação ou da destilação de várias substâncias e o alvoroçar é a explosão de animação. Felizmente para os donos de mercearias e de bares, a cerveja e o uísque poderiam permanecer engarrafados durante vários anos e até mesmo na mesma prateleira sem nunca se desentenderem. De que forma a bebida forte alvoroça?
A bebida forte não alvoroça por si mesma. Bebida forte é uma metonímia da embriaguez. A figura de linguagem substitui a causa pelo efeito. A Bíblia diz que a vara dá sabedoria (Pv 29:15). Como assim? A vara é um pedaço curto de madeira. Mas o uso prudente da punição física é um bom professor. Novamente, como nesta categoria de metonímia, a causa é por efeito.
A bebida forte pode levá-lo à raiva se você beber muito dela. Excesso de bebida pode lhe embriagar, e você pode brigar sem motivo algum. As perdas das inibições normais podem levá-lo a perder o seu bom humor muito mais rápido do que o normal e fazer vistas grossas às consequências de gritar ou de brigar. Em primeiro lugar, a língua se solta, então vem a raiva, e em seguida os punhos. As histórias de brigas de salão são legionárias. O provérbio é verdadeiro!
Se você bebe sem o medo sóbrio destes perigos do álcool, você é um insensato. A embriaguez pode tomar conta de você e relaxá-lo em sua morna estupidez antes de você se dar conta. Nenhum homem sábio beberá sem um limite definitivo e um cuidado consciente de evitar a embriaguez. Ele está comprometido com uma conduta prudente, que não permite um mínimo de insensatez (Ec 10:1). Portanto, ele não arriscará a sua reputação chegando até mesmo perto de se embriagar.
A solução não é a mentira do “Temperance Movement” (Movimento de Temperança) – pretende a total abstinência e uma proibição constitucional. Se isso puder ser verdade, então o pão e a carne também deveriam ser desprezados e proibidos pelo seu papel na glutonaria! Temperança não é abstinência; a autodisciplina é a regra de vida cristã (ICo 9:24-27). É vergonhoso ouvirmos cristãos ignorantes ridicularizando a cerveja ou o vinho, enquanto se empanturram até a obesidade nos bufês baratos!
Um homem comprometido com o viver uma vida santa e virtuosa para a glória de Deus terá cuidado e temor com o vinho e a bebida forte, tanto quanto com as pizzas e tortas. Ele não deseja pecar em nenhuma área de sua vida. E os líderes devem ser o exemplo desta consideração conservadora para a santidade, sobre quem Deus colocou regras mais rígidas no que diz respeito ao vinho (Pv 31:4-5; ITm 3:3,8; Tt 1:7).
Apesar de Jesus de Nazaré ter sido chamado de beberrão ou de um bêbado pelos seus inimigos (Mt 11:19), Ele nunca esteve embriagado. Ele bebia vinho, e até fez vinho num casamento, mas Ele sempre foi moderado e sóbrio no uso do mesmo. Ele era o epítome de uma sobriedade justa. Ele sempre praticou aquilo que agradasse a Seu Pai, e a embriaguez certamente não O agradaria (Jo 8:29; Gl 5:16-21). Lembre-se, não há nenhum beberrão no céu (ICo 6:9-10).